Dono da etapa brasileira, catarinense diz que seu estado cumpriu bem sua missão durante os útimos oito anos e que mudou a história do campeonato
Enquanto público, surfistas e imprensa corriam de um lado a outro por um lugar na Praia da Vila, em Imbituba (SC), Teco Padaratz sentou-se no chão e ficou ali, quieto, como quem não quer perder nada de um espetáculo. Na água, Adriano de Souza, o Mineirinho, era derrotado na final pelo americano Kelly Slater. Em abril deste ano, dez meses depois, uma cena parecida. Novamente Slater na decisão, agora contra Jadson André. Dessa vez, dava Brasil. As duas últimas edições da etapa brasileira do Circuito Mundial fizeram valer todo o sacrifício do catarinense Teco, dono dos direitos desde 2003. Mas ele deixou parte de seu coração de lado, cedeu. Em 2011, o campeonato vai mudar de casa: sai o seu estado, Santa Catarina; entra a cidade do Rio de Janeiro, antiga sede.
Teco, agora, vislumbra o retorno de uma época de ouro no surfe brasileiro. Em 1991, a vitória dele na etapa carioca do Mundial alavancou o interesse do público pelo esporte. Apesar de saber que seus conterrâneos ficarão com saudade, ele se rendeu, safisfeito.
- Nossa terra compriu muito bem seu compromisso e sai desta com sensação de ter, inclusive, mudado a história deste evento - disse Teco.
As palavras de Teco fazem sentido. O campeonato mobilizava todo o estado. No entanto, apesar de sempre ter tido apoio de esferas do governo catarinense, é no Rio que o retorno de publicidade será maior, de acordo com os patrocinadores. O principal deles, uma empresa de surf wear, já tinha feito uma etapa feminina na capital carioca, em 2008, e passou a pedir a mudança. Outro "incentivador" foi o prefeito Eduardo Paes, amigo de longa data de Teco. E a recompensa pela decisão se refletirá no bolso dos surfistas: a etapa terá premiação recorde de US$ 500 mil (R$ 900 mil).
- Esta ideia vinha sendo trabalhada nos últimos dois anos, e o prefeito ajudou muito nesta mudança. A decisão foi tomada entre nós, os patrocinadores e a ASP, e todos foram positivos - explica Teco.
Aposentado do Circuito Mundial em 2003, ano em que a etapa foi para Santa Catarina, Teco sofria pressões dos surfistas também. Eles alegavam que a qualidade das ondas deixava a desejar. Até 2008, o campeonato era disputado no fim de outubro, época em que as ondulações não são boas no hemisfério sul. Diante disso, a Associação dos Surfistas Profissionais (ASP) decidiu, no ano passado, mudar o calendário. O Brasil, antes penúltima etapa, passou a receber a elite no primeiro semestre. Neste ano, foi a terceira etapa da temporada, em abril.
O Rio de Janeiro foi a sede até 2001. No ano seguinte, Saquarema, na Região dos Lagos, ganhou a etapa. A grande preocupação no retorno da capital é em relação à qualidade das ondas. A estrutura principal ficará na Praia da Barra da Tijuca. Arpoador e Canto do Recreio serão as outras duas opções.
- Acho que não haverá problema, pois teremos mais de um palanque, e cobriremos todas as condições de swell pela cidade - disse Teco.
Por Gabriele LombaRio de Janeiro
